sexta-feira, 29 de julho de 2011

Concrecoisa O Pensador


Um homem senta nas escadarias da Ópera de Paris.
Estou no outro canto das escadarias vendo o filme da vida real passar.
A máquina fotográfica, num clicar silencioso, registra o instante.
Dia 20 de julho de 2011, pela tarde.
A metrópole cosmopolita fervilha.
Uma garoa chega e vai e chega novamente. Comparo-a aos indivíduos que vivem a transitar entre países.
O homem acende um cigarro e fita o horizonte de asfalto e concreto.
O vazio está próximo!
Sentado, por minutos, ele fica em devaneio introspectivo.
A vida passa e pede uma pausa.
Inquietudes germinam silenciosamente.
A garoa cessa e traz um vento frio.
No dorso do tempo, tudo é registrado.
O cigarro termina.
Finda a pausa.
A vida prossegue.
O homem, o meu olhar e o instante congelado.
Mais um ser imenso na multidão que agora é concrecoisa.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Concrecoisa Incerteza


A incerteza é uma eterna flutuação perdida em si.
A incerteza é o tempo futuro que flui.
Se não fosse uma flutuação, por certo o tempo não seria uma criação das incertezas das coisas humanas.

A certeza é o tempo que vem.
A certeza é dia que passa.
A certeza é o desejo que resta.
A certeza é a vida veloz.

E a incerteza é o humano.

Na incerteza das certezas, o símbolo mágico é a cruz do labirinto.
Uma cruz vermelha que gera uma cruz branca.
E a cruz branca gera outra cruz, pois cada cruz carrega uma outra cruz enigmática e cheia de incertezas.

Ali, no outro lado do mundo, a incerteza adormece.
Só resta a atitude para romper as incertezas momentâneas.
Amanhã, novas incertezas vão pintar no vazio novamente.
E atrás do muro, no limite que separa a realidade dos sonhos, tudo pode acontecer.

Enquanto isso, a vida passa veloz!...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Concrecoisa Aguar


Terra é o planeta das águas doces e salgadas.
A água é o sêmen do Criador.
E a chuva é a essência incolor da criação.
A Concrecoisa Aguar sintetiza a equação da vida por conta da água.
Chuva é o choro da vida”, diz a concrecoisa desta sexta-feira.
A Concrecoisa Aguar tem poucas letras no seu fundo azul que chove, que chora.
Como a gota d’água é a síntese de tudo, recolho-me para apreciar a chuva que cai lá fora.
Gota por gota, o mundo se transforma num rio que corre para o mar. 
E a vida explode em comunhão astral.
Vou chorar... As minhas lágrimas vão encher o mar do planeta água.
Ia esquecendo de dizer: a lágrima é também o choro da vida.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Concrecoisa Troca Letra

A língua portuguesa nos permite brincar com as palavras.
Basta, para tanto, trocar uma das letras da palavra.
O novo, então, surge por conta da troca da letra.
E o brincar, aqui, é a poesia que a Concrecoisa propicia.

Trocar sem troçar
E tecer sem temer
É amém no além
O arar sem amar, sem atar, sem azar
É trocar, sem temer, no além, amém!

Imagino, neste instante, as muitas outras palavras que poderiam enriquecer a brincadeira da Concrecoisa Troca Letra.

Preferi tecer, sem temer, o que fora concebido, pois o que fora concebido é o pouco que já satisfaz. É a dose certa da letra trocada!

Para amar é preciso arar.
E para atar o amar é preciso arar e tecer sem temer o azar, pois, no além, a bênção vem com o amor do amém.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Concrecoisa Igual Ilusão


Fiz um ensaio fotográfico na região de Santa Inês, interior da Bahia. 
Gostei muito do resultado.
Uma das fotos prediletas é uma árvore com galhos secos.
Era começo da manhã.
O sol raiava. A média intensidade de luz marcava o momento.
A foto digital é a verdade daquele instante de solidão.
O que fiz, agora, tem outro significado, pois não é mais igual ao que era. 
O igual é ilusão do igual.
Aquele instante virou passado.
Mas a árvore seca continua lá no seu espaço geográfico. 
Noites frias e dias quentes são representações do passar tempo em galhos secos.
Estes galhos são linhas da vida em contornos no céu na moldura da nossa visão.
Na concrecoisa, a árvore em seu ambiente ampliou a ilusão, que, aqui e agora, ganhou novas cores.
Assim, a concrecoisa multiplica a ilusão, recriando a imagem da imagem da imagem... 
O igual só existe na mente, pois tudo não passa de uma ilusão.
E o passar do tempo é a melhor representação desta ilusão.
Árvore, não. Ilusão, sim!