sexta-feira, 27 de abril de 2012

Concrecoisa Fechadura


O mundo é um buraco.
Dentro do mundo, outros buracos nos rodeiam.
Na porta, o buraco da fechadura representa a privacidade.
É um mundo separado por paredes e infinitas angústias.
As coisas acontecem pelo buraco da fechadura. Segredos!
Em Brasília, a rapinagem corre solta pelo buraco da fechadura.
E pelo buraco da fechadura, a tortura fez vítimas.
Hoje estes infelizes vivem com grana, presente dos cofres públicos.
Foi o troco da opção ideológica. Valeu a pena ser utópico, valeu a pena ser buraco.
Pelo buraco da fechadura o rock pulsa nas entranhas d’alma.
O grito ecoa pelo buraco.
Um buraco, nada mais, ou melhor, atitude.
Copiando Carlos Drummond de Andrade, mudando pedra por buraco, lá vai a mimese do verso famoso.

No meio do mundo tinha um buraco.
tinha um buraco no meio do caminho
tinha um buraco
no meio do caminho tinha um buraco.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um buraco
tinha um buraco no meio do caminho
no meio do caminho tinha um buraco.

É isso!

O buraco da fechadura...
...é o olho do mundo

E tudo se resume ao buraco, onde vamos parar, depois de tudo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Concrecoisa Autobiografia

Como poderia falar de mim numa concrecoisa?
Eis que surge uma foto tirada por mim mesmo.
Trabalho-a em vários processos de tratamento de imagem envolvendo cores, filtros, ajustes de brilho e contraste e aplicação de fontes gráficas, manipulando, ao final, a imagem digital com a frase “A Concrecoisa sou eu”.
Já bastava para ser a Concrecoisa Autobiografia.
Mas senti que faltava alguma coisa.
Fui, então, pensar na forma da concrecoisa e em algo (palavra e frase) que pudesse completar as imagens (uma grande e duas pequenas).
Encontrei então a palavra “eu” como principal referência autobiográfica.
Depois surgiram duas frases que se completam. São elas:
Narrativa sintética é o eu” e “Imagem é o eu narrado num instante”.
Pronto! Organizei tudo.
Eis a Concrecoisa Autobiografia, que, em verdade, é um fragmento autobiográfico.
Como tantas e tantas coisas faltam para completar a minha autobiografia que não tem fim, fico neste ponto final, que é o começo de novos fragmentos desencadeados no galope do tempo.
E você, já começou a narrar a sua autobiografia?
Corra e conte por você mesmo sobre os mistérios desta ilusão que é contar o que viveu.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Concrecoisa Tic-tac


O tic-tac é o som da dor que um relógio sente ao contar o tempo que escorrega entre as engrenagens em movimento.
Refiro-me, aqui, ao tradicional relógio mecânico de corda.
Hoje, os relógios funcionam com baterias e o tic-tac praticamente não é escutado, mas a dor continua sendo a mesma e em silêncio.
O tic é o tempo que passou.
O tac é o agora; um tempo presente que sempre se reinventa em uma sombra do passado.
Nesta Concrecoisa, o relógio marca 6h15.
A noite vem caindo do espaço infinito sobre uma tarde em despedida.
Sempre que a noite chega, ela lança um véu de esperança sobre o dia que se apruma na alvorada seguinte.
E sempre será assim, tal qual o tic-tac dos relógios que contam o tempo, um tempo que muitos gostariam que parasse de correr.
Tic, o tempo passou.
Tac, o tempo é agora.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac....
E lá vou eu rumo ao tempo futuro com os meus cabelos tingidos de branco!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Concrecoisa Algo



Aquela coisa, algo nunca visto, permanece inquietando a mente.
O objeto em foco e em preto e branco é algo visto.
Isto é lógico, pois, se ele está em foco, ele é algo visto.
Mas o algo nunca visto, o que será?
Quem sabe?
Aí é que está o enigma!
Por conta do questionamento, surge a Concrecoisa Algo.
As palavras geram uma construção sem resposta.

nunca
algo nunca visto
nunca visto
avisto algo
nunca visto
visto
nunca avisto algo
visto algo

A imagem no centro e com deslocamento à esquerda é algo que poderia inquietar.
As interpretações do que é ou não é, agora, fica por conta de cada um.