sexta-feira, 28 de março de 2014

Concrecoisa Cadeira



É raro não ter alguém neste mundão que não tenha sentado numa cadeira, principalmente nos tempos de hoje.

Para mim, tudo onde repousa o corpo não deitado pode ser uma cadeira, basta entender que aquilo é cadeira.

Uma cama é também uma cadeira, quando sentamos na sua beirada. Neste instante, ela se transforma em algo que passa a ser, mesmo não sendo.

A pedra é uma cadeira, mesmo estando no meio do caminho.

O chão é uma cadeira sem pernas, sem braços, sem encosto, sem assento, sem forma de cadeira.

O céu é a cadeira não sentada.

Daí eu digo:

em cada
cadeira
uma maneira
de sentar
a vida

Encerrando...

Estou escrevendo este texto da concrecoisa em pé.

Ficar em pé é algo perto do andar e o andar é o tocar a vida.

– Cadeira, agora quero sentar!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Concrecoisa Casulo



A morada de cada um.

Um casulo que o corpo é.

Um canto no canto-mundo.

Um recanto no canto-universo.

Mas tudo não passa de um vazio.

Quando o casulo perde o seu sentido.

Mas tudo não passa de um cheio.

Um universo no canto-recanto.

Um canto no canto-mundo.

Um casulo que o corpo é.

Ex-morada de cada um.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Concrecoisa Fim Sem Fim



O outro que nós não somos é um enigma.

O outro que somos e desconhecemos é outro enigma.

O outro que conhecemos em nós, que é o eu de fato, também é um enigma e parece que foi desvendado.

Digo tudo isto para assegurar que o fim deste mistério é um fim sem fim.

O fim sem fim nos leva ao começo, não importa do que seja.

O fim da vida é um enigma começado.

O começo da vida humana é o fim das células reprodutivas originais de cada um, macho e fêmea, que se uniram.

O fim do dia é o começo de outro dia.

O fim sem fim é começo.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Concrecoisa Impopção




A Concrecoisa Impopção é uma breve reflexão sobre a banalidade que toma conta do Brasil.

A enxurrada de futilidade em destaque nos meios de comunicação assusta.

E o fenômeno da celebridade (um modelo de banal da vez) está por toda a parte. O seu empoderamento aumenta quando tem jabá circulando pesado.

Nas redes sociais, a coisa do banal é amplificada na razão direta dos usuários catequizados pelo vírus besterol-te-pekus.

Do exposto, afirmei na minha página do Facebook que “o problema não é o banal, mas tê-lo como principal e excessivamente massificado”.

Daí surgiu a Concrecoisa Impopção. 

E a impopção da banalidade acaba topando no limite tênue entre a imposição (aspecto natural da coisa midiática) e a opção (a escolha de cada um).

Vale dizer que o circo, a coisa banal em si, sempre existiu na humanidade para compensar a luta árdua pelo pão de cada dia.

Aqui, porém, a tendência é que o circo do banal dure 24 horas por dia.

Peço licença. Tem muita “coisa importante” para ver no BBB e na televisão como um todo!