sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Concrecoisa Eterno


Refletindo sobre a eternidade, fui abençoado com essa historinha que conto aqui na concrecoisa em dia de Natal, eternidade em Jesus.

Um jovem perdido numa floresta encontrou Oxóssi camuflado entre os arbustos. O desespero pulsava com o aproximar do anoitecer. O pedido de ajuda trouxe um pouco de calma.

Num determinado momento, percebeu que estava diante do Caçador das Matas. O seu coração acelerou mais forte, aflorando questionamentos existenciais. E perguntou, quase balbuciando.

– Oxóssi, o que é a eternidade e como poderei ficar imortal?

Depois de alguns segundos de reflexão, Oxóssi respondeu com olhos nos olhos.

– Jovem, a eternidade é a minha flecha lançada ao céu. Ela é quem faz a eternidade.

Sem entender a resposta, o jovem emendou.

– Como assim, se a flecha depois de lançada cai no chão?

Pausadamente, Oxóssi completou, agora fixando o olhar na corda do seu arco.

– A eternidade não é o tempo infinito de a flecha subir ao céu e depois cair no barro onde nasce a vida. A eternidade é o contar que a flecha foi lançada, caiu e depois foi lançada novamente.

Sem precisar dizer mais nada, o Caçador das Matas apontou o caminho correto para o jovem voltar seguro para casa.

Ao deitar, centrado em si, o jovem percebeu que tinha que ser a flecha e mais do que isso. Tinha que ser também o arco que movimenta a vida.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Concrecoisa Ser Sina

Nasceu uma coisa.

Virou outra coisa.

Depois virou outra coisa da outra coisa.

Voltou a ser o que era.

Mas já era outra coisa.

Era outro ser.

Um nada.

Sua sina, ser sina: ser coisas e ser nada.

Eterna mutação.  

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Concrecoisa Rio Morto


A
Am
Ama
Amar
Amarg
Amargo
O Rio Doce amargo
O Rio Doce amarg
O Rio Doce amar

Rio Morto

Amar o Rio Doce
Amarg o Rio Doce
Amargo o Rio Doce
Rio Doce
Rio Doc
Rio Do
Rio D
Rio
Ri
R

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Concrecoisa Abismo


Serafim nasceu filósofo.

Serafim filosofava sobre o realismo da vida.

A fantasia também singrava no mar do seu filosofar.

Certo dia, Serafim soube que uma criança morreu ao cair de uma janela.

Horas depois, viu na internet um vídeo de um velho morrendo ao escorregar numa casca de banana.

Duas vidas marcadas pela fatalidade invadiram o seu mundo.

Ao dormir, Serafim se viu escorregando para o outro lado existencial.

No mesmo instante, gritou que “a vida é um abismo”.

Ninguém ouviu o último filosofar de Serafim, mas todos um dia saberão o que Serafim afirmou.