sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Concrecoisa Poeira do Tempo


O tempo é poeira.
O tempo faz o canto.
O tempo tem a sombra.
O tempo diz a dança.

E na dança do tempo.
O canto deixa poeira.
A sombra varre o rastro.
E tudo parece que foi ontem.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Concrecoisa Banana


a banana é prata
a banana é prat
a banana é pra
a banana é pr
a banana é p
a banana é
a banana
a banan
a bana
a ban
a ba
a b
a
a banana é da prata
banana é da prata
anana é da prata
nana é da prata
ana é da prata
na é da prata
a é da prata
é da prata
da prata
a prata
prata
rata
ata
ta
a

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Concrecoisa Caculé


O amigo poeta, escritor e jornalista José de Jesus Barreto, torcedor do Bahia graças a Deus e aos Orixás, me mandou por e-mail mais uma de suas narrativas sobre baianidade: “O trem de Caculé”.

Em seguida, acendeu o pavio da possibilidade criativa: Caculé rende concrecoisa?

Fiquei pensado e, como um raio, concebi a concrecoisa que lhe presta homenagem.

A narrativa tem as seguintes passagens:

– De onde vem, pra onde vai o trem de Caculé?

Vai pra Monte Azul! Respondia o maquinista suarento acionando o apito do trem e acenando pela janela da locomotiva ‘Maria Fumaça’, nos delírios da infância no Subúrbio Ferroviário, os encantados comboios mistos de carga e passageiros passando a cada cinco minutos, bem próximos, arrebentando os ouvidos.
 
Caculé, Caculé... onde fica Caculé?

Gostávamos mesmo era da sonoridade da palavra, o acento forte na última sílaba ecoando nos meus ouvidos feito o apito do trem: ‘Uééé!!!’

Caculé quer dizer o quê?
  
O trem de ferro se foi. Maria Fumaça sumiu com o advento do diesel, das locomotivas eletrizadas, os comboios rarearam até se perder de vista na longitude do tempo. 

...

Cadê o trem de ferro passante, aquele trem de Caculé?
 
Nunca me saiu da memória, muito mais pelo nome sonoro do que pelo comboio em si igual a tantos outros que passavam, tantas janelinhas ligeiras, sempre saindo ou chegando na Estação da Calçada.

Descoberta tardia: Caculé é uma cidade pequena do sudoeste baiano, Serra Geral, naco da Chapada Diamantina, quase Minas. Terra do cantor Anísio Silva, tempos de boleros-sofrência dos bons, e da estação da Via Férrea Federal da Leste Brasileira, parada obrigatória.

...

Aprendi depois, com gosto, que Caculé era o sobrenome banto de um escravizado fugido batizado Manoel. Chegou a organizar um quilombo no sítio de águas doces. A lagoa de Manoel Caculé deu origem ao povoado de Caculé. 

...


Digo eu, César Rasec, agora: Caculééééééééééééééééé... Apita o trem na memória de Zédejesusbarreto!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Concrecoisa Ética

Dukmel vendia tudo.

Sua especialidade era vender sonhos, fantasias, utopias.

Um dia, em Brasília, no poder central, bateram a sua carteira.

Dukmel não ficou triste.

Tudo que levava era uma anotação em papel sujo, pardo, amassado.

A pequena frase era o mantra de Dukmel, que ria quando lembrava das palavras e da velha carteira vazia.

Horas depois, o batedor de carteira estava morto.

No chão do banho, molhado, o bilhete de Dukmel era a sentença de morte. E dizia:
  
– Lave a ética, fétida, tétrica!

Assim são as digitais do poder.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Concrecoisa Liberchave


Delusão
Delusã
Delus
Delu
Del
De
D
Liberdade seria não ter chave de nada?
D
De
Del
Delu
Delus
Delusã
Delusão

Acreditar na ilusão (delusão) alimenta a esperança.
Feliz 2016 para todos que curtem as concrecoisas.