Lebristy
nasceu em berço de ouro.
Na
adolescência, no bairro onde morava com os pais, ele fazia e acontecia.
Sua
vontade era uma ordem.
Certo
dia, numa discussão acalorada sobre “O Mundo como Vontade e Representação”, de
Schopenhauer, o estourado Zaiam não contou conversa e no calor do bate-boca deu
uma broca em Lebristy.
Menino
mimado, Lebristy disse ao pai, chorando, que ia resolver o problema sem a ajuda
dos seguranças.
Devolver
a broca virou questão de honra.
Na
semana seguinte, os dois se encontraram.
Lebristy
correu pra dentro do desafeto.
Zaiam
não esperou tempo bom. Deu outra broca no riquinho da rua e falou alto com voz padrão de locutor: “Lesão, aprenda que é ilusão achar que o mundo é só seu”.
Lebristy
entendeu o recado e aprendeu mais uma vez que broca dada não se tira.
Em
casa, para não passar recibo de frouxo, disse ao pai que devolveu a broca e de
quebra mostrou que o mundo não funciona na prática como uma liberdade do agir
livre.
No
dia seguinte, em nota de rodapé no banheiro masculino da escola, imortalizaram
a desavença com a frase “Zaiam é filósofo de pavio curto”.
A
história ganhou mundo nas redes sociais com o título “Agirlivre de Zaiam”.
Por
conta do ocorrido, o esqueleto de Schopenhauer treme toda vez que o nome Zaiam
ecoa no vento que sopra a lei do mais forte.